RIP Ali Farka Touré (1939-2006)
O músico e cantor maliano Ali Farka Touré morreu no passado dia 7 de Março, enquanto dormia, vítima de um cancro nos ossos de que já padecia quando fez a sua última digressão europeia, o ano passado, que o trouxe a Lx para um memorável concerto em Monsanto, onde tocou para cerca de 10.000 pessoas.
Pioneiro de uma linguagem nascida dos blues, em diálogo com heranças profundas das músicas do Mali, Ali Farka Touré foi um dos primeiros músicos de latitudes e longitudes exteriores aos eixos convencionais do mundo pop/rock, aquele que dizia que os blues norte-americanos (e, por arrasto, o rock e muitas das formas modernas de música anglo-saxónica) tinham a sua origem ali, zona abaixo do deserto do Saara, nas margens do Rio Niger, onde os negreiros iam buscar os escravos que levaram para as Américas e indo com eles a sua música, que depois se transformou em muitas outras por todo o continente...
Com discos lançados internacionalmente desde os anos 80, só em 1994 a sua música mereceu transversal e unânime reconhecimento. Talking Timbuktu afirmou-se como registo de referência no panorama da world music. Esse álbum, assinado em parceria com Ry Cooder, valeu-lhe um Grammy, prémio que repetiu no ano passado, com In The Heart Of The Moon, de parceria com outro nome famoso da música do Mali - Toumani Diabate, o mais respeitado instrumentista de kora do mali - o qual também esteve em Monsanto, como convidado especial de Touré.
Espantosamente, Ali Farka Touré era mais conhecido no estrangeiro do que no Mali... Espantosamente?
(Toumani Diabate e Ali Farka Touré)
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