Bush: shit happens?!
É preciso ter muito cuidado com o que se diz quando se tem um microfone posto, mesmo quando se pensa que o dispositivo está desligado. A prova disso é mais uma distracção de George W. Bush. «A Síria [tem de] forçar o Hezbollah parar de fazer essa merda», dizia o presidente norte-americano numa conversa privada com Tony Blair, durante a cimeira do G8.Afinal a conversa não foi privada, porque o microfone estava ligado, e a linguagem menos própria de Bush, acabou por ser difundida por todo o mundo.
«Acho que Condi (a secretária de Estado Condoleezza Rice) irá para lá daqui a pouco», disse Bush, referindo-se à Síria.
Os dois líderes referiram-se também a uma oferta de ajuda de Blair. O primeiro-ministro inglês respondeu: «Certo, isso é o que importa, demorará um pouco para que se chegue a um acordo». O primeiro-ministro britânico disse ainda que Rice «tem que obter sucesso» se for para a região.
Bush respondeu: «O que eles precisam é fazer a Síria forçar o Hezbollah a parar de fazer essa merda».
Pouco depois, Blair percebeu o microfone e rapidamente desligou-o, mas não antes de a gravação chegar à imprensa.
Esta não é a primeira distracção de George W. Bush. Já na altura da entrada das tropas norte-americanas no Iraque, tinham sido difundidas imagens de Bush a pentear-se e a ultimar a maquilhagem, antes de uma intervenção televisiva... quando pensava que as câmaras estavam desligadas.
Mas agora a revelação é bem mais importante. Miguel Monjardino, professor de Relações Internacionais na Universidade Católica, realça o interesse de ter sido divulgada uma conversa informal entre dois dos mais importantes líderes mundiais.
«Temos dificuldades em saber como é que George W. Bush e Tony Blair conversam. O que pensam sobre a guerra no Médio Oriente ou Kofi Annan. Agora já sabemos».
Mas Monjardino garante que da conversa pode ser extraída uma conclusão interessante: «é notório que Tony Blair pressionou George W. Bush a assumir ele próprio um papel importante a desempenhar nesta crise. Bush é demasiado radioactivo nesta zona do mundo, e Blair sabe-o. Além disso, a visão de Blair deste problema é compatível ao norte-americano e ainda por cima é europeu. No fundo, o primeiro-ministro inglês ofereceu os seus préstimos pessoais e diplomacia britânica para mediar o conflito no Médio Oriente».
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