quarta-feira, janeiro 10, 2007

Birmânia - As crianças que nunca o foram


Um refugiado birmanês, com a cara cheia de protector solar tradicional, espera num campo de recolhimento de Mae Sot, perto da fronteira da Birmânia com a Tailândia. Os Estados Unidos propuseram uma resolução nas Nações Unidas que alerta para deterioração da situação política na Birmânia que, segundo Washington, constitui um perigo para a segurança regional. Os EUA exigem que a junta militar que governa o país liberte os prisioneiros políticos

Agressões militares, trabalhos e deslocamentos forçados, assassinatos e torturas, cuja responsabilidade cabe ao governo militar da Birmânia, levaram milhares e milhares de birmaneses a fugirem para países vizinhos, bem como para a miríade de campos de refugiados que se alinham próximo das fronteiras. Estima-se que cerca de 700 mil birmaneses fugiram do seu país e vivem na Tailândia, Malásia, Bangladesh e Índia.
O actual nível de violência seguiu-se à chegada ao poder dos integrantes da linha dura, depois da purga do ex-primeiro-ministro general Khin Nyunt, no final de 2004. Desde então, o regime ameaçou sufocar de uma vez por todas todos os grupos de oposição e insinuou, inclusive, que até grupos que declararam cessar-fogo não estariam a salvo.

O trabalho e o deslocamento forçados são praticados para permitir o controle militar sobre a atividade económica. Muitas pessoas são desalojadas de suas terras para realizar plantações comerciais e extração de recursos naturais, tais como exploração florestal e tubulações de gás e petróleo. A sistemática violência sexual cometida pelos militares contra mulheres de diferentes etnias é endémica e está amplamente documentada pela Comissão de Direitos Humanos da ONU e por várias organizações femininas.
Na Birmânia, crianças a partir dos 11 anos são frequentemente retiradas à força das suas casas pelos militares e alistadas como soldados no exército. Segundo informação recente das Nações Unidas, a Birmânia tem, actualmente, o maior número de crianças-soldado em todo o mundo, estimado em 70 mil. Mesmo aquelas crianças que conseguem escapar ao serviço militar são muitas vezes escravizadas para fazer trabalhos forçados. Como consequência desta situação, aos jovens não resta outra opção senão a de fugir com suas famílias para as selvas e evitar ameaçantes "serviços" que, invariavelmente, levam à tortura e à morte.
Nós, ocidentais, na nossa apatia, seja perto do nosso quintal ou do outro lado do mundo, olhamos para o lado... e o futuro do nosso planeta e civilização está a bater à porta.

1 Comments:

At 5:03 da tarde, Blogger The Sherazade said...

É mesmo muito chocante saber que estas coisas se passam nesta aldeia a que chamamos mundo...e o meu sentimento de impotência ainda me entristece-me ainda mais.

 

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