sexta-feira, dezembro 30, 2005

Dar a volta ao Mundo em 5 dedos

Há dias falava com uma amiga que me chamou a atenção para um facto que achei deveras curioso e do qual, verdade seja dita, nunca havia pensado: o facto de haver tantos sinónimos (por norma, calão) e expressões idiomáticas para a masturbação masculina e muito poucos para a feminina.

Ah pois é. Desafio quem quer que seja a tentar encontrar uma mão deles, sendo certo que em português é bem mais difícil do que em inglês. “Medir a temperatura” é uma das poucas expressões portuguesas que conheço. “Dar corda ao relógio” é outra. Em inglês é bem mais fácil mas ainda assim só me ocorre beating around the bush, checking for squirrels (muito boa), coming into your town, fanning the fur ou a famosa (via American Pie) double-click the mouse.

Quanto ao acto homónimo nos gajos o difícil é parar de lançar sinónimos (nem vale a pena ir aos mais óbvios e corriqueiros): afogar o ganso, bater castanhola, cinco-contra-um, debulhar a espiga, esgalhar o pessegueiro, jogar bilhar de bolso, fazer justiça com as próprias mãos, pintar paredes. D. Palma, trocar o óleo... E em inglês? Being your Own Best Friend, Charm the Cobra, Spanking the Monkey, Polish the Sword, Peel the Banana, Dropping A Line, Squeezing the Burrito, Walking Willie the One Eyed Wonder Worm e a fenomenal Getting to Know Yourself Personally in the "Biblical Sense".

Porque será? Revelação de uma sociedade em que o sexo ainda é marcadamente mais tabu para as mulheres do que para os homens? Ou será que somos nós, homens, que falamos demais sobre sexo, daí a maior proliferação de expressões sinónimas de masturbação masculina? Mera coincidência? Ou haverá muitos mais sinónimos e expressões, apenas escondidas por uma sexualidade (a feminina) que normalmente se resguarda bem mais que a masculina (por ambos)? É um facto que não existe, pelo menos na maioria dos casos, tanto “à-vontade” para falar de masturbação num grupo de amigas do que num de amigos...

Umas ou outras... todas... nenhuma... talvez nem seja boa política ir em busca de explicações. Mas se a criação e proliferação de frases e expressões para masturbação feminina for sinónimo de uma maior liberdade sexual das mulheres, na prática e no discurso, então aqui fica o meu pequeno contributo, para que depois não digam que os homens só pensam neles mesmos:

Dar a volta ao mundo em 5 dedos

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Hey Mr. DJ put a record on!

Há cerca de duas semanas voltei a fazer uma coisa que já só fazia mesmo em casa, distando longo tempo desde a última “aparição” no antigo bar Rompana para o efeito: passar música ou, more fashionably, ser DJ.

Confesso que ser DJ (atenção que estamos apenas a falar da “arte de enfiar CD’s em aparelhagens e carregar no Play”, segundo a definição Quase Famosos) é, a priori, um trabalho banal e sem grandes dificuldades: põe música – escolhe a próxima - tira a música – põe a outra – olha para a malta a ver se está gostar – escolhe a próxima – pede uma imperial – olha outra vez para a malta mas desta vez para galar aquelas duas jeitosas que parecem partilhar dos mesmos gostos musicais (pois pois), de outra forma não lançavam aqueles sorrisinhos – tira a música – põe a próxima...

Mas sabe quem o faz, ainda que na vertente mais “light” atrás descrita, o quão trabalhoso e moroso é todo o processo até se chegar ao produto final. Desde o enquadramento do som a passar no bar em questão, e que passa por uma análise cuidada e minuciosa do seu público-alvo, até à escolha propriamente dita das músicas em questão, passando pela compilação e organização de faixas, playlists e informações quanto às mesmas, que passa muitas vezes por uma procura exaustiva de um determinado tema, já para não falar, obviamente, dos conhecimentos necessários para manuseamento de (certas) mesas de mistura e decks.

Claro está que tudo isto, em abono da verdade se diga, é fácil quando comparado com aquilo que verdadeiramente é difícil nestas andanças: acolher ou ir de encontro à generalidade dos gostos musicais preferidos na casa em questão, criados, claro, pelas pessoas que o frequentam. E não só, pois é aqui que entra o cunho pessoal de quem está atrás dos pratos e que faz toda a diferença: a capacidade de, por entre esses gostos, procurar e conseguir inovar, através da escolha criteriosa de certos temas (aqui, normalmente, gosto pessoal), que farão realmente a “diferença” no set, por se afastarem do mainstream das músicas normalmente passadas.

Continuando na onda confessional... confesso que gostei de voltar a ser DJ. Passar boa música que mexe connosco e, acima de tudo, com as pessoas presentes, preenche-nos tanto quanto a satisfação de termos acabado de fazer um trabalho bem feito... com a vantagem imbatível da euforia gerada por um clima de festa que começa exactamente no “Play” e acaba naquele sorriso quase-fugidio de quem nos ouve e que simplesmente significa: “era mesmo esta agora...”.

Curiosamente (ou não), da última vez, o clímax da euforia veio inesperadamente (ou não) com a reminiscência feita pela passagem da música do genérico do D’artacão. Não vou esquecer tão cedo essa imagem - todo o bar em uníssono a cantar - como um dos momentos mais marcantes deste ano e que, inclusive, já vivi na noite do Barreiro.

Sexta-Feira próxima, dia 30, lá estarei mais uma vez, no Jackass (Barreiro). Sem D’artacão, desta vez, mas quem sabe com a Abelha Maia! ;-)

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Promessas...

Prometo que com esta treta do novo ano e tal vou tentar escrever mais para o blog, uma casa a que não tenho vindo tantas vezes como gostaria (qualquer semelhança com a vida real é pura coincidência).

O mais engraçado é que nesta altura devo mesmo escrever só para mim mesmo, uma vez que os três ou quatro leitores deste pasquim da blogosfera já devem ter desistido de tentar seguir as patacoadas que para aqui se enxotam de quando em vez...

Por outro lado, quem seguir a corrente literal da linguagem do discurso ver-se-á obrigado a apontar-me que a promessa que eu faço é a de “tentar” e não de “escrever mais”. Em bom rigor, diga-se que só faço promessas que possa cumprir e “tentar” deve ser, provavelmente, o verbo mais esperançoso da nossa língua. Ah, também faço promessas que tenciono não cumprir, o que pode parecer contraditório com o que acabei de dizer mas não é (e não é mesmo).

Entretanto aproveito para endereçar a todos, especialmente ao Luís Filipe Vieira (xi-coração, pá!), as melhores entradas possíveis em 2006. E nunca deixem de tentar...